Há pouco tempo abriu perto de minha casa uma bomba de combustível low cost.
Eu e o H. esfregámos as mãos de contentes, pois os nossos passeios ficariam mais sustentáveis. Como bons pelintras que somos, nunca atestamos o depósito: seleccionamos sempre a opção "montante fixo" (designação que inventei agora).
Aquilo é muito moderninho, seleccionamos o montante, colocamos o combustível no depósito e depois nem temos de sair do carro para pagar. É só guiar o carro até a uma "casinha", onde o procedemos ao pagamento.
Tudo maravilhoso até agora... Porém, o raio da bomba nunca, mas NUNCA, trava no montante que seleccionámos. Se não estivermos com atenção, temos de pagar mais 1€, 5€ ou mesmo 10€ (sim, já me aconteceu...).
E sim, já me certifiquei que cumpro com todas as instruções para que aquilo funcione!
Bastante farta de toda esta situação, falei com a funcionária do posto. Muito simpática, disse-me que, no dia anterior, uma senhora se queixou do mesmo e garantiu-me que iria reportar ao seu superior. Isto aconteceu há cerca de duas semanas.
Nova ida à bomba de combustível. Domingo. Por milagre, ninguém para abastecer. Mais um vez certifiquei-me que fiz tal e qual as instruções, o H. também se certificou, começamos a encher o depósito, olhos fixos no monitor, 9€... 9,50€... 9,98€... Sustenho a respiração... 10,10€... PÁRA! PÁRA! PÁRA! (dizia eu de dentro do carro)... Total final: 10,53€...
Já dizia o outro: chateada? Claro que fico chateada!
Chego para fazer o pagamento e digo ao funcionário: "Quero pagar a bomba 1 e apresentar uma reclamação".
"Apresentar uma reclamação? Mas que reclamação é que quer apresentar?", pergunta ele com um sorriso trocista.
Explico a situação, frisando que me certifiquei que cumpri com as instruções.
"Ai cumpriu com as instruções? Então diga-me lá que instruções foram essas? Vá, diga!"
Por dentro sentia-me uma panela a ferver, mas tentei manter a calma. Expliquei tintim-por-tintim.
"Se cumpriu com isso, então aquilo pára! Se quiser eu vou lá explicar-lhe!" - não sei se ao ler isto dá para depreender o tom do senhor. Mas garanto-vos que era nada mais nada menos que "você é mulher, logo deve ser burra".
Antes que eu partisse para a violência, o H. diz que o senhor pode ir lá explicar, mas ainda assim queremos falar com o gerente.
O funcionário faz uma chamada telefónica e mantendo a mesma postura trocista e gozona, pede que a gerente de loja se dirija à zona das bombas de combustível, porque "está aqui uma senhora que querer apresentar uma reclamação..." (suspiro de desdém).
Para permitir às restantes pessoas fossem à sua vida, mudei o carro de lugar e esperei que a gerente chegasse. No entretanto, fui calçando as minhas luvas de combate "argumentativo". Eu tenho direito, por lei, a apresentar uma reclamação. E o direito moral e ético a ser tratada com respeito. Ou este mundo está louco?
Felizmente, a gerente era uma pessoa muito educada e civilizada. Pediu detalhes sobre o que se estava a passar, até para poder chamar a assistência para resolver o assunto. E pediu muita desculpa pelo comportamento do colega.
Decidimos não escrever no livro de reclamações (juro que ia fazer duas reclamações, uma sobre a bomba e outra relativa ao comportamento do funcionário). Agora espero, sinceramente, que resolvam o assunto, porque se isto se repetir, de certeza que apresento reclamação.