Há cerca de um mês, quando voltava para casa, estava uma senhora velhinha a pedir no metro.
Por norma, não costumo dar esmola a todos os pedintes com quem me cruzo, se assim fosse (infelizmente) o meu "nano-ordenado" não seria suficiente. Mas custa-me muito ver velhinhas a pedir na rua. Vejo em cada uma delas uma avó e dói-me o coração pensar "e se fosse a minha?".
Naquele dia, aquela senhora, parecia tão frágil, tão só! Procurei na mala alguma moeda. Mas não tinha nada, nada mesmo! Nem uma moeda, nota, absolutamente nada. Ainda procurei umas bolachas ou uma fruta na mala. Podia ser que tivesse fome... Porém, também não tinha algo de comer.
Um senhor que estava próximo tirou umas moedas do bolso, deu-lhas e, gesto contínuo, fez-lhe uma festa demorada no ombro. Os olhos, já agradecidos, da velhinha ainda se iluminaram mais! Soltou, num murmurio, um "Deus o abençoe!"
Não sei dizer qual dos dois o mais valioso para aquela senhora: se os poucos cêntimos, se aquele gesto de carinho.
Eu sentia as lágrimas a quererem assomar aos meus olhos. Doía-me ver a pobreza daquela senhora, mas também sofria por não ter nada para a ajudar.
Desde esse dia, diversas vezes me lembro daquela velhinha pequenina. Onde será que vive? Será que tem uma casa ou será que vive na rua? Terá frio? Fome?
Gostava de a voltar a encontrar para lhe dar a moeda que naquele dia não pude dar.