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Porquê amoras? Porquê panquecas? A receita é simples: porque as amoras são frutos pequenos, mas mesmo assim selvagens e doces. Porque as panquecas são saborosas e igualmente doces... Tudo o que este blog gostava de ter: pensamentos doces e selvagens.
Um dia, Eusébio disse: "Vou morrer um dia, sem saber o que realmente senti quando vestia a camisola do Benfica. Não sei se era da cor, não sei... Havia qualquer coisa, que me transformava na pessoa mais importante do mundo. Fui o jogador mais feliz do mundo. Um dia que morra gostava de dar uma última volta ao Estádio da Luz. Esta é a minha casa. Fizeram de mim uma pessoa importante...".
Do alto dos meus vinte e quatro anos, é certo que nunca vi o "Pantera Negra" jogar em directo. Claro que já vi imagens de arquivo, que por diversos motivos já passaram na televisão. Sabia perfeitamente quem era Eusébio da Silva Ferreira e o que ele significava para os Benfiquistas. Só não sabia o quão grande tinha sido para todo o país e o Mundo.
Quando no Domingo vi as primeiras imagens da estátua de Eusébio no Estádio da Luz, começavam a ser deixados os primeiros cachecóis e ramos de flores. Quando horas mais tarde, voltei a ver imagens dessa mesma estátua, já era um mar de homenagens sentidas.
Eusébio, na simplicidade e humildade, que diziam ser tão suas, conseguiu apagar diferenças, diluir divergências e até - segundo consta - parar a guerra. Ontem não havia Benfiquistas, Sportinguistas ou Portistas, todos eram "Eusébio" e todos lhe prestavam homenagem.
O que mais me marcou, foi ver milhares de pessoas perfilhadas nas ruas de Lisboa, para aplaudir, uma última vez, Eusébio. Ele pediu uma volta ao estádio, para se despedir. Recebeu mais do que isso, recebeu um país inteiro a despedir-se dele.
Portugal precisa de "Reis" como Eusébio o foi. Precisa de um símbolo, alguém a quem seguir o exemplo. E nada melhor que alguém como o "King": pessoa simples, humilde, respeitadora (nunca me hei-de esquecer a forma como ele se referia ao "Senhor Coluna") e trabalhadora.
Perdeu-se uma referência, mas a memória perdura.